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Livro 1 - Uso de vídeos em sala de aula

Site: Moodle - IFSC
Curso: Produção de vídeos didáticos
Livro: Livro 1 - Uso de vídeos em sala de aula
Impresso por: Usuário visitante
Data: sexta, 18 Out 2024, 16:33

Iniciando as discussões...

Você já parou para pensar em como os vídeos podem ser utilizados como recurso em sala de aula?

Borba e Oechsler (2018) apontam três vertentes para o uso do vídeo nos processos educativos:

(I) Gravação de aulas

(II) Vídeo como recurso didático

(III) Produção de vídeos.

Nós próximos capítulos deste livro iremos entender cada uma dessas vertentes.

Introdução

GRAVAÇÃO DE AULAS

O vídeo como gravação de aulas tem um foco de pesquisa, onde o professor e/ou pesquisador grava a aula para posterior análise.

Dentro da gravação de aulas percebe-se ainda duas vertentes (BORBA; OECHSLER, 2018):

1)      Análise da prática do professor para levá-lo a refletir sobre sua prática.

O vídeo, neste caso, é visto como uma ferramenta para a aprendizagem dos professores. Através de atividade de observação, reflexão e análise de suas aulas ou de outros profissionais, os professores apontaram que se tornaram mais críticos com relação às suas práticas em sala de aula (BORBA; OECHSLER, 2018).

[...] o vídeo possibilita captar o movimento e a imagem numa sala de aula; propicia que o professor volte a ele quantas vezes for necessário; possibilita a multiplicidade de olhares e interpretações - pelo próprio professor, em diferentes momentos ou pelos pares -; permite um exame mais detalhado das ideias matemáticas que circulam pela sala de aula e do modo como estas são apropriadas, ampliadas e (re)significadas pelos alunos; libera o professor que tem a intencionalidade investigativa do ato do registro simultâneo, pois ele poderá assistir ao vídeo posteriormente e, dessa forma, pode dar maior atenção aos alunos durante as aulas; possibilita a análise de diferentes práticas e contextos e das formas de organização dos alunos para o trabalho - individual, em pares ou em grupos. Em síntese, possibilita o compartilhamento e a constituição de um repertório de saberes profissionais - de conteúdo (no nosso caso, da estocástica), pedagógico do conteúdo e curricular. (NACARATO; GRANDO, 2015, p. 88–89)

2)      Análise do processo de aprendizagem do aluno.

Durante a aula, muitas vezes, o professor/pesquisador não consegue perceber todas as nuances da atividade, o que fica mais fácil de visualizar por meio do vídeo posteriormente (BORBA; OECHSLER, 2018). Leia o trecho abaixo que destaca a importância da gravação da aula para identificar a aprendizagem do aluno ao trabalhar a questão de quantidade e capacidade.

Vinícius tirou uma bola da lata, pegou a bola oferecida por mim e a colocou na lata dizendo: Pabe! Certamente a resposta à minha pergunta o Vinícius deu conta de responder, uma vez que perguntei se cabia aquela determinada bolinha e não aquela bolinha junto com as outras. Somente me dei conta de que sua ação estava coerente com o que eu havia solicitado depois que assisti ao vídeo. Reconhecemos a importância do vídeo para analisar as ações tanto das crianças quanto do professor.(PELLATIERI; GRANDO, 2010, p. 30)

VÍDEO COMO RECURSO DIDÁTICO

Alguns professores exibem vídeos prontos, disponíveis na Internet, para a discussão de assuntos com os alunos.

- Onde podemos encontrar esses vídeos?

YouTube (youtube.com)

M3 Matemática Multimídia (http://m3.ime.unicamp.br)

Khan Academy (pt.khanacademy.org)

TV Escola (tvescola.mec.gov.br)

Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br)

Objetos Educacionais (http://objetoseducacionais2.mec.gov.br)

VÍDEO COMO RECURSO DIDÁTICO

- Algumas vantagens da exibição de vídeos em sala de aula (MORAN, 1995; TENA, 2014)

- Possibilidade de se observar um número indefinido de vezes o mesmo vídeo ou o mesmo trecho;

- Utilização de vídeos para ilustrar cenários que seriam muito custosos ou perigosos (alguns experimentos químicos, por exemplo) ou cenas de épocas passadas;

- Possibilidade do mesmo vídeo poder ser utilizado em diferentes níveis educativos.

- Cuidados ao utilizar o vídeo em sala de aula (MORAN, 1995):

- Não utilizar o vídeo como “tapa buraco”, ou seja, utilizá-lo quando se acontece um problema inesperado, como a falta de um professor, pois isso pode associar o vídeo (na cabeça do aluno) à ideia de não ter aula.

- Tomar o cuidado para que o vídeo tenha ligação com a matéria estudada;

- Promover uma discussão com os alunos após a exibição do vídeo, discutindo aspectos relevantes do vídeo para a matéria estudada;

- Tomar cuidado com o áudio do vídeo.

- Como escolher um vídeo para exibir em sala de aula?

Tena (2014, p.78, tradução nossa) apresenta algumas perguntas que o professor deve se fazer no momento de selecionar o vídeo mais conveniente a ser utilizado em sala de aula.

  1. Os conteúdos são coerentes do ponto de vista científico ?
  2. Está atualizado?
  3. Os objetivos estão claros?
  4. Adapta-se às características dos alunos?
  5. O vocabulário é compreensível?
  6. É tecnicamente atrativo?
  7. O tempo é adequado às características dos meus alunos?
  8. Propicia a realização de atividades posteriores?

PRODUÇÃO DE VÍDEOS

Para a produção de vídeos, são necessárias algumas etapas. Se for produzir em sala de aula, Oechsler, Fontes e Borba (2017) sugerem as seguintes etapas:
1. Conversa com alunos e apresentação de tipos de vídeos
2. Escolha e pesquisa do tema de produção do vídeo
3. Elaboração de roteiro
4. Gravação dos vídeos
5. Edição dos vídeos
6. Divulgação dos vídeos
Se o professor for produzir seus próprios vídeos, sugere-se a pesquisa do tema, elaboração do roteiro, gravação, edição e divulgação.

Neste curso nos atentaremos para a produção de vídeos e nas próximas unidades veremos com calma cada uma das etapas essenciais para a produção dos vídeos, tanto por professores, quanto por alunos em sala de aula. 

REFERÊNCIAS

BORBA, M. C.; OECHSLER, V. Tecnologias na educação: o uso dos vídeos em sala de aula. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, 2. v. 11, 2018.

MORAN, J. M. O Vídeo na Sala de Aula. Comunicação e Educação, v. 2, p. 27–35, 1995.

NACARATO, A. M.; GRANDO, R. C. A análise de aulas videogravadas como prática de formação de professores que ensinam matemática. In: POWELL, A. B. (Org.). . Métodos de pesquisa em educação matemática usando escrita, vídeo e internet. Campinas: Mercado de Letras, 2015. p. 61–94.

OECHSLER, V.; FONTES, B. C.; BORBA, M. C. Etapas da produção de vídeos por alunos da educação básica: uma experiência na aula de matemática. Revista Brasileira de Educação Básica, v. 2, n. 1, p. 71–80, 2017.

PELLATIERI, M.; GRANDO, R. C. Qual Matemática Para Crianças Tão Pequenas? Explorando As Noções de Espaço Com Crianças de 1 a 3 Anos. Educação Matemática em Revista, v. 29, p. 26–34, 2010.

TENA, R. R. El video, una herramienta para la enseñanza. In: PEREIRA, J. (Org.). . Produção de Vídeos nas Escolas: Uma visão Brasil - Itália - Espanha - Equador. Pelotas: ERD Filmes, 2014. p. 71–97.