Capítulo 1 - O que é inovação?
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Livro: | Capítulo 1 - O que é inovação? |
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Data: | sábado, 23 Nov 2024, 14:19 |
1 | O que é inovação?
A inovação acompanha a humanidade desde sempre na busca pela sobrevivência e melhores condições de vida. A escrita, o fogo, a pólvora, o motor a vapor e a lâmpada, por exemplo, são descobertas e artefatos que foram incorporados pelo ser humano e mudaram a nossa forma de viver.
Inicialmente, a inovação era movida pelo chamado “gênio inventor” – indivíduo que mergulhava em suas ideias, nos laboratórios domésticos, geralmente de forma independente, e, a partir de experimentos, criava artefatos que depois seriam absorvidos pela sociedade. Por exemplo, Thomas Edison, Leonardo Da Vinci, Melitta Bentz e Santos Dumont. Em seguida, com o crescimento das grandes empresas, surgiram os centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), com alto investimento e equipes de especialistas. É o caso da Xerox, 3M, Bell Labs, entre outras. Em contraponto aos grandes centros de P&D, observa-se uma terceira era, a dos inovadores de garagem e das startups – ideias e soluções ligadas principalmente à tecnologia digital, encabeçada por nomes como Intel, Apple, Google, Facebook, Linkedin e WhatsApp.
Hoje, vivemos a chamada "era da inovação aberta", da cocriação. Não é que não existam mais gênios inventores ou grandes centros de P&D, mas entendemos que juntos podemos mais. Nesse sentido, a inovação também passa a ser mais estudada e incentivada para além das empresas e centros de pesquisa. Falamos cada vez mais em inovação social, inovação em serviços públicos, inovação nas cidades, inovação política e, claro, inovação na educação.
Mas, e aí... o que se entende por inovação, afinal? Navegue pelos slides que seguem para conhecer alguns conceitos de inovação.
Observe que os conceitos tratam de dois pontos chave da inovação: a novidade e a aplicação/aceitação dessa novidade.
A invenção mais conhecida do Thomas Edison é a lâmpada incandescente. Mas quando criou a lâmpada, Edison sabia que ela não seria útil sem um sistema de geração e transmissão de energia elétrica. Então, criou esse sistema também. É aí que reside a inovação: não no artefato em si, mas na visão de como esse artefato poderia ser incorporado pela sociedade.
A partir desse exemplo, é importante diferenciarmos descoberta, invenção e inovação. Veja:
Descoberta é a revelação de coisas ou fenômenos. Quando alguém percebe esse fenômeno pela primeira vez, caracteriza-se uma descoberta.
Invenção é algo inédito produzido pelo ser humano, independentemente da sua utilidade, que geralmente pode ser replicado e/ou patenteado.
Inovação é quando alguma ideia passa a ser incorporada por outras pessoas e é vista como novidade por elas.
Nem toda descoberta leva a uma invenção e nem toda invenção leva a uma inovação. Por outro lado, inovações podem nos levar a novas descobertas e facilitar que novos inventos surjam. A criação do WhatsApp, por exemplo, foi possível em função de ter partido de uma série de inovações anteriores. A descoberta de um novo planeta, de uma nova substância, de um novo vírus são todas impulsionadas pelas inovações anteriores.
Nesse sentido, precisamos considerar que “a inovação existe em determinado lugar, tempo e circunstância, como produto de uma ação humana sobre o ambiente ou meio social” (CUNHA, 2008, p. 24). Isto é, a inovação tem um tempo: soluções que já foram inovação no passado, hoje já não são mais novidade. Da mesma forma, a inovação tem um contexto: ideias que podem não ter aplicação ou não serem novidade para uma determinada realidade, podem ser altamente inovadoras para outras. É o caso das lâmpadas de garrafa PET do brasileiro Alfredo Moser, que já iluminam casas no mundo inteiro (ZOBEL, 2013).
No próximo tópico, você verá alguns tipos de inovação e entenderá melhor como desenvolver um comportamento criativo em busca da inovação. Siga em frente!
1.1 Tipos de inovação
Pare um segundo para fazer uma viagem no tempo. Nós vamos para 1998, alguns anos atrás (nem foi tanto assim, né?). Você se lembra de onde estava e o que fazia? Como você se comunicava com as pessoas? Como buscava informações? De lá pra cá uma série de inovações impactaram significativamente a nossa vida. A expansão da internet, a evolução dos computadores e, mais recentemente, a popularização dos smartphones nos trouxeram facilidades antes nem imaginadas. Junto às facilidades, também surgem novas rotinas, novas necessidades e novos problemas (além dos velhos).
O físico Adam Kahane comenta que hoje lidamos com diversos problemas complexos para os quais não há uma única solução, uma resposta certeira. Para estes desafios, e a educação é um deles, o nosso olhar deve ser sistêmico e nosso direcionamento inovador.
Mas antes de tratarmos de como inovar, vale compreender que há dois tipos básicos de inovação: a incremental e a radical.
A inovação incremental é aquela que mantém as características básicas de determinada solução, mas adiciona ou altera outros elementos que potencializam o seu resultado. Por exemplo, a bicicleta sem marchas e a bicicleta com marchas. Outro exemplo, se olharmos para inovação em serviços, poderíamos mencionar o atendimento de postos de saúde com uma nova organização dos agendamentos.
A inovação radical (ou para alguns autores, disruptiva) é aquela que modifica substancialmente uma realidade a partir de uma ideia. Por exemplo: o MP3 em relação ao CD, assim como o e-mail e a internet móvel. Alguns pesquisadores recentes também consideram o Uber e o Airbnb exemplos de inovações radicais que descentralizam a oferta, feita pela e para a rede, e avaliada pelos próprios usuários.
E agora?
Olhando para o contexto Educacional, você consegue pensar em alguma inovação incremental ou radical na Educação nos últimos anos? Conte para a turma, participando da discussão no link que segue.
Clique aqui e participeSeja incremental ou radical, o importante é saber que você também pode inovar! Avance e saiba como.
1.2 Como inovar?
Bom, agora que você já está ciente do que é inovação e porque ela é importante nos dias de hoje, podemos seguir caminho e compreender o comportamento inovador.
Retomando os conceitos de inovação que vimos anteriormente, você deve lembrar que os dois elementos que caracterizam a inovação são a novidade e a aplicação/incorporação da novidade pelas pessoas. Nesse caso, é recomendado:
- Conhecer bem o que existe
Manter-se informado, conhecer outras soluções para situações similares, coletar referências positivas e se apropriar do que já existe são práticas que ajudam a fomentar novas ideias. - Conhecer bem as pessoas
Se para ser inovação uma ideia deve ser útil para as pessoas, é essencial que se conheça bem as pessoas. Empatia e colaboração, nesse caso, são práticas essenciais para um comportamento inovador.
Legenda: Pensamento Criativo
Fonte: Melhore seu negócio
Além disso, inovar exige ao mesmo tempo boas ideias e capacidade de executar essas ideias. Joy Paul Guilford, um psicólogo que estudou criatividade, colabora nesse sentido dizendo que há dois tipos de pensamento criativo que se complementam: o divergente e o convergente.
No pensamento divergente nossa mente está aberta. É o momento de criar opções, de colocar pra fora todas as ideias e impressões, por mais malucas que elas pareçam. Uma ideia pode levar à outra, então, no pensamento divergente não se faz nenhuma análise ou crítica. Existem diversas técnicas de criatividade para essa fase, conhecida como ideação. Você verá algumas delas mais adiante.
Já no pensamento convergente, nosso foco está em considerar o contexto e analisar todas as ideias. Criticar, questionar, relacionar e fazer escolhas.
De modo geral, alternamos estes modos de pensar durante o dia, dependendo das situações. Mas é comum que não consigamos nos desconectar na mente analítica, que critica ideias. Por isso, quando nos deparamos com um problema, procuramos logo fazer escolhas para encontrar uma solução. Nesse caso, partimos das opções disponíveis e daquilo que já conhecemos, que nem sempre resolvem a situação.
Para chegar em um lugar diferente, é preciso fazer um caminho diferente.
Não existe uma receita mágica ou um processo infalível para inovação. Mas existe uma metodologia que se destaca nesse sentido: o Design Thinking.
Nos próximos capítulos nos aprofundaremos nesta metodologia e você conhecerá técnicas interessantes que poderá aplicar no dia a dia, na sala de aula, no ambiente profissional. Siga adiante!