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Capítulo 3 - Design Thinking na Educação

Site: Moodle - IFSC
Curso: SALA MODELO_Pedagogia Bilíngue (Libras/Português) EAD
Livro: Capítulo 3 - Design Thinking na Educação
Impresso por: Usuário visitante
Data: sábado, 23 Nov 2024, 14:12

3 | Design Thinking na Educação

Design Thinking é uma abordagem para inovação centrada no ser humano, desenvolvida a partir do trabalho dos designers, integrando as necessidades das pessoas, as possibilidades tecnológicas e os requisitos para o sucesso do projeto.
Tim Brown, CEO da IDEO

O Design Thinking foi idealizado pela IDEO, uma agência de design, para sistematizar e explicitar alguns métodos, pensamentos e técnicas utilizados por designers em seus projetos criativos. Como resultado, a metodologia é hoje empregada em diversos setores e contextos, inclusive na educação, e tem alcançado bons resultados na criação inovadora de produtos, projetos, modelos e serviços.

A IDEO criou um material especial para educadores, que foi trazido para o Brasil pelo Instituto Educadigital. Confira no vídeo que segue.

Na educação, o Design Thinking é uma metodologia inovadora que tem como proposta resolver as demandas com foco no usuário, nas pessoas. Esta metodologia é dividida em 5 etapas. Nesta unidade curricular (UC), apresentaremos as ideias principais desse material que será complementado com outros métodos e técnicas para que você coloque em prática todas as ideias estudadas. 

Antes de prosseguirmos para os passos da metodologia, algumas observações importantes:

  • Design Thinking é centrado no ser humano: começa com uma profunda empatia e um entendimento das necessidades e motivações das pessoas – neste caso, estudantes, professores, pais, funcionários e gestores escolares que compõem seu cotidiano.

  • Design Thinking é colaborativo: muitas mentes brilhantes são sempre mais fortes que uma só ao resolver um desafio. A metodologia apresenta vantagens por considerar as múltiplas perspectivas e a criatividade dos demais para reforçar a sua própria criatividade.

  • Design Thinking é otimista: a crença fundamental é de que nós todos podemos criar mudanças – não importa quão grande é um problema, quão pouco tempo temos disponível ou quão restrito seja o orçamento. Não importa que restrições existam à sua volta, pensar deste modo pode ser um processo divertido.

  • Design Thinking é experimental: o processo dá a liberdade de errar e aprender com seus erros porque você tem novas ideias, recebe feedback de outras pessoas, depois repensa suas ideias.

Você se lembra da fala da professora Gina, lá no vídeo do tópico 2|Educação Inovadora? Ela comentava sobre a importância do foco no aluno e na sua conjuntura, da colaboração com a comunidade e da vontade de fazer melhor. Lembra-se também do que vimos sobre inovação nos tópicos anteriores? Comentamos que estamos na era da inovação colaborativa, da cocriação. Que inovar é criar algo novo que faça sentido para as pessoas e, por isso, é essencial conhecer as pessoas e construir as novas soluções junto com elas. Note que há uma coerência com as propostas do Design Thinking, tornando-se uma metodologia propícia para promover a inovação no seu dia a dia.

 

3.1 Identificando um desafio

Todo processo de design começa com uma questão específica e intencional a ser resolvida; ela é chamada de desafio de design

Olhe ao seu redor, observe o que precisa ser melhorado no contexto no qual você está inserido(a). Para pensar nessas melhorias, lembre-se que nosso foco são as tecnologias no cenário da educação profissional.

 

Antes de mais nada, tenha em mente que:

 

Você é um/a designer

Assuma seu processo de design/criação. Confie nas suas habilidades criativas. É sua oportunidade de utilizar as tecnologias para impactar a vida das pessoas que estão ao seu redor.

 

Você será sempre um aprendiz

Aborde os problemas como novidades mesmo que você já saiba muito sobre eles. Permita-se aprender. Esteja aberto a experimentar. Fique bem sem ter a resposta “certa”. Confie que você vai encontrar uma resposta.

 

Sair da zona de conforto = aprender

Seja descolado/a. Quebre sua rotina. Use o mundo como inspiração e revigore seu trabalho. Inspire-se em outros ambientes de educação além da escola. Colabore com os outros.

 

Problemas são oportunidades disfarçadas

Tenha um pensamento de abundância. Seja otimista. Acredite que o futuro será melhor. Comece com “E se?” em vez de “O que há de errado?”

Deu certo!

Pessoa servindo merenda na escola. Fonte: Associação Brasileira de Municípios. Divulgação [http://www.abm.org.br/estados-e-municipios-terao-r-3841-milhoes-para-aplicar-na-merenda-escolar/]

Olhando ao redor, você perceberá que a inovação na educação pode partir da gestão, da secretaria, da sala de aula ou até mesmo da cozinha. O desafio de facilitar o acesso ao cardápio das escolas municipais de São Paulo para pais e alunos deu origem à plataforma Prato Aberto.

Prato Aberto é uma iniciativa de governo aberto desenvolvida com apoio da sociedade e mostra o que é servido nas refeições de 3.220 escolas da rede municipal de São Paulo. A plataforma permite às famílias com filhos matriculados na rede conhecerem o que será servido diariamente nas escolas e também à sociedade exercer controle sobre os contratos firmados pelo poder público. E o projeto vai além de apenas divulgar os cardápios. É possível enviar fotos e avaliar o que é oferecido. O feedback dos pais e alunos vai diretamente para secretaria de educação. 

Saiba mais sobre o projeto, clicando aqui.

Assim como o projeto Prato Aberto, os desafios ao seu redor podem estar em diferentes áreas. Nesta unidade curricular, você conhecerá todo o processo de Design Thinking, mas, como atividade, focaremos nos passos iniciais que envolvem definir um desafio (fase da empatia/descoberta) e identificar e compreender os principais elementos desse desafio (fase da definição e da ideação). 

Você precisa saber e fazer

Apesar do processo de Design Thinking iniciar com a fase da Empatia / Descoberta, tudo começa com o desafio. Sem um desafio em mente, seu projeto de design estará sem um objetivo, sem uma finalidade clara. Por isso, antes de prosseguir, vamos começar a pensar sobre o seu desafio.

Liste possíveis temas / ideias

Encontre oportunidades para design a partir da percepção dos problemas. Faça uma lista de todos os problemas que você percebe ao seu redor, no seu contexto, ou liste coisas que você deseja transformar, melhorar, para as quais você pode criar oportunidades.

Para relembrar:
Seu desafio precisa envolver a utilização de tecnologias no contexto da educação profissional. Estar relacionado com algum aspecto da sua vida, do seu contexto, seja ele pessoal, familiar, social ou profissional. Você precisará pensar, criar e propor soluções para este desafio durante o curso de especialização. Então, foque em algo concreto, que seja possível e viável durante este ano.

 É a partir do desafio que se desdobram os passos seguintes do processo de Design Thinking.

-- Conheça alguns desafios

Para te ajudar com ideias para o desafio, apresentamos algumas possibilidades. Lembre-se que é importante você pensar algo relacionado com o seu contexto, seja pessoal, profissional, familiar ou social. 

Figura 2 - Ideias para o desafio

desafios ideias

Fonte: LENGERT, Caroline - Equipe Tedpro (2020)

Se ainda estiver em dúvida, veja o que os estudantes das turmas anteriores trabalharam:

Figura 3 - Mapa Conceitual: ideias de desafios

mapa com ideias

Fonte: LENGERT, Caroline - Equipe Tedpro (2020)

-- Inspire-se em outros contextos

Até aqui, você já deve ter percebido que buscar inspirações e referências em outros contextos é essencial para compreender melhor o seu desafio e criar novas ideias. Mais adiante, na fase de ideação, você verá que o seu repertório (tudo o que você sabe) influencia diretamente as suas ideias. Mas, o que pode ser considerado inspiração para o meu desafio?

Onde buscar referências e outros exemplos / saberes que podem ajudar no meu desafio?

Inicialmente, é preciso ter em mente que as inspirações para a área da Educação nem sempre vem da própria área. Tudo que você vê e vivencia pode, de alguma forma, dar origem a boas ideias. Imagine que você é um/a professor/a com dificuldade em conseguir atenção dos alunos em determinado tema. Observando o comportamento dos jovens alunos, você identifica que eles se interessam por filmes e jogos. O que os jogos e os filmes têm de "especial"? Quais elementos auxiliam no engajamento dos alunos? Tomando um jogo como referência, você pode perceber, por exemplo, que missões desafiadoras, colaboração, competição e recompensa são elementos chave do engajamento. 

O mesmo serve para os filmes, por exemplo. Por que conseguimos assistir a um filme de duas horas e dificilmente nos concentramos em uma videoaula com mais de vinte minutos? Quais elementos um filme tem? 

O que vale, quando se trata de inspiração e coleta de referências, é perceber o que há de comum entre os contextos que você busca relacionar. A forma de apresentar os produtos em uma loja pode inspirar bibliotecários a dispor os livros de uma maneira mais convidativa. O modo como você foi atendido em um hotel enquanto estava de férias pode fazer você repensar a forma como determinado setor atende o público na sua instituição. Não se trata de copiar ou equivaler. A biblioteca não é uma loja e uma secretaria não é uma recepção de hotel. Mas, o que há de inspirador nesses lugares que pode servir para o seu contexto?

Até a natureza nos serve de inspiração. Na biomimética, profissionais analisam aspectos da natureza em busca de inspiração para seus artefatos. É o caso do velcro, que foi inspirado nos carrapichos ou, mais recentemente, do edifício Eastgate, no Zimbábue, que tem a mesma estrutura de ventilação dos cupins, utilizando 90% menos energia no sistema de ventilação em relação aos edifícios tradicionais. 

Contudo para que a inspiração "apareça" na nossa frente é importante estarmos atentos ao nosso entorno. Desde a maneira como realizamos nossas tarefas rotineiras até quando organizamos projetos mais complexos. Todas as ações podem ser analisadas. 

Na dúvida, sempre questione!

Quando você questiona uma ação como marcar uma consulta médica, por exemplo, pense o seguinte: Este serviço é bom? Quem utiliza esta atividade com mais frequência?  Como eu poderia melhorar esta atividade? Estas são perguntas que podemos fazer para várias situações diferentes. Então, utilize esta técnica para descobrir as demandas no seu contexto. 

Conheça e use

Constantemente nos deparamos com situações, vídeos, textos, aplicativos que nos inspiram e, posteriormente, podem servir de referência para auxiliar em um desafio e gerar boas ideias. Mas, como organizar todo esse repertório de referências? É nessa hora que entram alguns serviços criados especialmente para que você organize tudo que vê de legal pelo mundo. Veja alguns deles:

  • Pocket: tem a finalidade de ajudar as pessoas a salvarem artigos, vídeos e outros itens interessantes extraídos da Internet para serem recuperados depois. Uma vez salva no Pocket, a lista de conteúdo fica visível em qualquer dispositivo — telefone, tablet ou computador. O conteúdo pode ser visualizado enquanto você aguarda na fila, no sofá, durante o trajeto do trabalho ou viajando — mesmo offline.
    Para saber mais, acesse o link: https://getpocket.com 

  • Pinterest: uma rede social para organizar quadros de inspiração. Assim que ver algo interessante na internet, você pode "pinar"/marcar o conteúdo em um quadro e recuperar depois. A rede foca no uso de imagens, então, atualmente é muito utilizado para referências visuais, de estilo, decoração, etc. Mas nada impede que seja utilizada para guardar artigos interessantes, por exemplo.
    Para saber mais, acesse o link: https://br.pinterest.com 

  • Google Keep: serviço de anotações do Google disponível em versão para web e aplicativos para Android e iOS. Além de notas, é possível guardar imagens, links de sites, lista de tarefas e até desenhos ou textos feitos à mão.
    Para saber mais, acesse o link: https://keep.google.com

  • Evernote: uma plataforma para você capturar, organizar e compartilhar anotações. As suas melhores ideias estarão sempre com você e sempre sincronizadas. Funciona como um conjunto de cadernos de anotações nos quais você pode registrar ideias, sites interessantes, imagens, áudios e muito mais.
    Para saber mais, acesse o link: https://evernote.com

O mais interessante desses e outros serviços similares, é que praticamente todos eles possuem integração com navegadores de computador e aplicativos para celular. Instalando uma extensão no navegador, por exemplo, você contará com um botão de rápido acesso que permite salvar facilmente qualquer link ou site interessante que você estiver visitando. Os aplicativos também são muito úteis quando você quiser anotar ou guardar algo de forma rápida. Conhece ou já utilizou algum deles? Conhece outras opções? 

3.2 Fases do Design Thinking

Fases do processo de Design Thinking (DT)

O processo de DT é inspirado no pensamento divergente e convergente, que você estudou no capítulo 1.

Em cada uma das fases você encontrará etapas de abertura, de criação e de observação, assim como, etapas de análise, definição e síntese. Na fase da empatia / descoberta, por exemplo, sugere-se que inicialmente você abra seu olhar para os elementos desafiadores no seu contexto, utilizando o pensamento divergente.

Questione-se: O que poderia ser melhor? O que eu poderia fazer diferente? Em seguida, com algumas perguntas direcionadoras e utilizando o pensamento convergente, na fase da definição, você é levado a analisar os desafios, escolher um deles e definir um plano de trabalho.

O processo de design thinking é composto por fases: empatia (ou descoberta), definição (ou interpretação), ideação, protótipo (ou prototipação), teste (ou evolução/avaliação). Essas fases não ocorrem de forma linear, mas sim de forma cíclica, ou seja, é possível realizar novamente qualquer etapa, à medida que você for refinando os resultados ou que precisar buscar novos direcionamentos.

Infográfico 1 - Etapas do Design Thinking

Infográfico com as fases do design thinking

Fonte: MINUZI, Nathalie - Equipe Tedpro (2020)


Nos próximos tópicos, você conhecerá melhor cada uma dessas fases. Siga em frente!

3.2.1 Empatia

 

A fase da empatia é o momento de compreender as necessidades das pessoas, quais são os problemas que elas enfrentam e para os quais gostariam de soluções.

Descobertas constroem uma base sólida para suas ideias. Criar soluções significativas para estudantes, pais e familiares, professores, colegas e gestores começa com um profundo entendimento de suas necessidades. Descoberta significa estar aberto a novas oportunidades, inspirar-se e criar novas ideias. Com a preparação correta, essa fase pode ser um abrir de olhos e vai proporcionar um bom entendimento do desafio.

–– DT para Educadores (2014)

Retome o desafio que você escreveu no tópico anterior (tópico 3.1). Siga os passos desta fase, descritos abaixo, para entender melhor, aprofundar seu conhecimento e saber mais sobre o desafio que você escolheu.

Passos da fase Empatia

A fase Empatia ou Descoberta está organizada em três passos:

  1. Entenda o desafio: é o momento de entender melhor sobre o desafio definido inicialmente. Converse com as pessoas sobre o que elas pensam, faça perguntas, ouça, observe, sinta. Entenda a real necessidade das pessoas, quais soluções elas precisam. Aprofunde-se no desafio e vá buscando refiná-lo, delimitá-lo.

  2. Faça pesquisas: inspiração e informação são o combustível para suas ideias. Pesquise e aprofunde os assuntos que não estão claros ou que você não conhece muito bem. Planeje atividades para aprender a partir de múltiplas perspectivas e explorar contextos desconhecidos.

  3. Inspire-se: com uma mentalidade curiosa, é possível achar inspiração e novas perspectivas em vários locais, sem muita preparação. Ouça as pessoas e aguce sua habilidade de observação do mundo ao redor.

Você precisa saber e fazer

Antes de seguir adiante, considerando as informações que coletou nesta fase, reescreva o seu desafio iniciando com "como podemos...?". Se, a partir do desafio, surgirem várias perguntas iniciando com "como podemos", não se preocupe, escreva todas elas.

Como já vimos, o desafio é o seu ponto inicial e o problema com o qual você irá trabalhar. A definição clara e correta da pergunta “como podemos” é essencial para delimitar o desafio.  Cuidado para não incluir possíveis respostas na pergunta.

A questão deve ser ao mesmo tempo ampla para permitir novas possibilidades, mas também estreita para que você tenha foco. Por exemplo: Como podemos construir uma ponte sobre um rio? (já inclui uma possível resposta - construir uma ponte) versus Como podemos chegar ao outro lado do Rio Uruguai? (me dá foco, pois delimita de qual Rio eu estou tratando, ao mesmo tempo em que abre possibilidades para inúmeras soluções).

 No próximo tópico vamos te mostrar alguns exemplos, siga em frente.

--Veja exemplos e compartilhe a sua ideia

Para inspirar-se, veja alguns exemplos:

Legenda: Ideias para elaborar o desafio iniciando com "como podemos..."

Fonte: DT para educadores (2014)

Lembra que no início deste capítulo nós mostramos algumas ideias para o desafio? (se precisar, retome o tópico "conheça alguns desafios").

Aqui estão aquelas mesmas ideias um pouco mais refinadas, iniciando com "como podemos...". Veja só:

Figura 4 - Ideias para o desafio: como podemos...?

desafio aprimorado

Fonte: LENGERT, Caroline - Equipe Tedpro (2020)

 

Socialize

Agora que você já pensou sobre possíveis desafios, fez as suas anotações e refletiu sobre elas, você já deve ter registrado (ou pelo menos esboçado) ao menos um desafio iniciando com "como podemos...?". Então, participe do fórum, compartilhe seu desafio e troque ideias com os colegas. Contribua para aprimorar a ideia dos colegas e aproveite as sugestões recebidas para avaliar se o desafio que você pensou é viável.
Clique aqui e participe

3.2.2 Definição

 

A fase Definição é o momento em que você vai reunir e organizar todas as informações coletadas na etapa anterior para interpretar e entender a real necessidade das pessoas e poder então detalhar e refinar o desafio.

A Interpretação transforma suas histórias em insights valiosos. Observações, visitas de campo ou até uma simples conversa podem ser ótimas inspirações – mas encontrar nisso significados e transformá-los em oportunidades de ação para o design não é tarefa simples. Envolve tanto a contação de histórias quanto a seleção e a condensação de pensamentos, até que você tenha encontrado um ponto de vista convincente e uma direção clara para o próximo passo, a ideação.
–– DT para Educadores (2014)

No tópico anterior (tópico 3.2.1 Empatia) você escreveu suas ideias para o desafio iniciando com "como podemos...?" e compartilhou com os colegas no fórum Socialize: qual é o seu desafio?. Retorne ao fórum, leia as ideias e sugestões dos colegas e siga os passos da fase de Definição para aprimorar seu desafio cada vez mais.

Passos da fase de Definição

A fase de Definição serve para que você estruture o seu desafio e está organizada em quatro passos:

  1. Delimite o seu desafio: após considerar todas as informações já coletadas, reúna tudo o que você já identificou até aqui para delimitar o desafio. Considere que não podemos resolver todos os problemas do mundo, mas se começarmos por um deles, já será uma grande contribuição. Foque no seu contexto, naquilo que está perto de você e para o qual você, de fato, conseguirá buscar soluções e inovações. 

  2. Compartilhe sua história: após ter delimitado o desafio, compartilhe o que você aprendeu durante a pesquisa (realizada na fase Empatia) e o que você já sabe sobre o desafio que está propondo. Conte sobre o desafio por meio de histórias, a sua história. Conte de que forma a sua história de vida está relacionada com esse desafio. Isso criará um conhecimento coletivo e poderá aproximar pessoas interessadas, que poderão lhe ajudar a visualizar oportunidades e ter ideias.

  3. Esboce seus objetivos: é importante que você visualize aonde quer chegar, o que pretende com este desafio. Saber os objetivos (a finalidade) para os quais estamos trabalhando, motiva-nos a seguir em frente. Pense nos objetivos como as ações que você precisará desenvolver para encontrar as melhores soluções. Ao escrevê-los, inicie com verbos, tais como: propor...; criar...; aprender...; construir...

  4. Defina o público alvo: quando temos em mente para quem estamos realizando uma tarefa, fica mais fácil encontrar soluções que realmente atendam a essas pessoas. Por isso, saber quem é seu público alvo, ajudará você a dar foco e buscar soluções específicas e eficazes. Retome seu desafio, analise seu contexto e então, defina o público que será atendido: adolescentes, pais, professores, funcionários de uma empresa, jovens aprendizes, pessoas desempregadas, domésticas, mães, idosos... Mesmo que as soluções do seu desafio possam vir a beneficiar mais de um público, identifique o público central, para o qual  você focará as ações.

Você precisa saber e fazer

Antes de seguir adiante no estudo do livro, vamos trabalhar na T1 - Tarefa online.

Encontrar oportunidades de melhoria em seu contexto é quase sempre resultado da percepção da realidade e das situações de vida nas quais estamos inseridos. Algumas vezes, elas aparecem como desejos (“Eu gostaria muito que ____”). Outras vezes, aparecem como reclamações relacionadas a problemas vivenciados (“Me irrita que nós não____”.). Qualquer começo é bom, todos os fatores que te movem a buscar uma nova solução são importantes.

Até aqui, desde o início do capítulo 3, nós mostramos um passo a passo para você:

1) pensar sobre os desafios que observa e vivencia no seu contexto;

2) ampliar seu conhecimentos sobre esses desafios; e

3) definir / delimitar o desafio.

Se você deixou de  realizar alguma leitura, retome-as, pois a T1 - Tarefa online, pede que você apresente a ideia de desafio construída até aqui, antes de seguir adiante nos estudos.

 T1 - Tarefa online 

 

 

3.2.3 Ideação

 

Ideação é a geração de várias ideias. O brainstorming encoraja a pensar de forma expansiva e sem amarras. Muitas vezes, as ideias mais ousadas são as que desencadeiam pensamentos visionários. Com uma preparação cuidadosa e um conjunto de regras claras uma sessão de brainstorming pode render centenas de ideias novas.
–– DT para Educadores (2014)

Até aqui esperamos que você já tenha vivenciado a fase Empatia e a fase Definição do Design Thinking e que já esteja elaborando a T1 - Tarefa online

A fase de  Ideação é o momento de você começar a gerar ideias para possíveis soluções do seu desafio. Por isso, antes de iniciá-la, é importante que você já tenha clareza sobre o desafio e que já o tenha escrito em formato de pergunta, iniciando com "como podemos...?". Se ainda não fez isso, sugerimos que reveja os capítulos e tópicos anteriores. 

Passos da fase de Ideação

Gerar boas ideias é um passo essencial para lidar com desafios ainda não solucionados e inovar. Mas para isso, além de compreender muito bem o desafio posto (e por isso a ideação só vem agora, na fase 3), é importante saber como gerar muitas e boas ideias. Esta fase está dividida em dois passos:

  1. Gere ideias: o brainstorming é uma das técnicas utilizadas para gerar ideias, mas muitas vezes é visto como uma atividade desordenada e desestruturada. Na verdade é uma atividade focada, que envolve muita disciplina. Se for utilizar o brainstorming, separe tempo para se planejar de modo a tirar o máximo de sua sessão e gerar o máximo de ideias possíveis.

  2. Refine ideias: até aqui, esperamos que você tenha desenvolvido a ideia do desafio sem dar muita atenção aos obstáculos que pode enfrentar ao tentar realizá-la. Faz sentido agora dar um choque de realidade: olhe para o que é mais importante em sua ideia e encontre maneiras de desenvolvê-la ainda mais.

Para entender melhor de onde vem as boas ideias, vale à pena assistir ao vídeo que segue, de Steven Johnson. 

A partir do vídeo, podemos extrair algumas informações interessantes, as quais são elencadas na sequência.

  • As ideias surgem da "colisão" de diferentes palpites. 
  • Alguns ambientes funcionam como incentivadores da "colisão" de palpites.
  • Boas ideias contam com mais de uma mente criativa. Socializar é importante para criar.
  • A conectividade impulsiona a criatividade.

Considerando estes fatores, como você analisa o seu ambiente social e profissional no que se refere ao incentivo de novas ideias e inovação? O ambiente é propício para socialização, troca de ideias, "colisão" de palpites? Quais locais e momentos do seu dia a dia você acredita que são mais favoráveis à criatividade? Quais são bloqueadores? 

Você precisa saber e fazer

Todos nós temos potencial criativo. Você é, sim, criativo(a)! O que acontece é que somos cercados de situações e pensamentos bloqueadores desse potencial, inclusive na própria escola (como já dizia Ken Robinson, neste vídeo). O material apresentado abaixo traz algumas estratégias para gerar e refinar as ideias nesta Fase de Ideação. Afinal, ter ideias é diferente de ter ideias que podem, de fato, auxiliar no seu desafio. ;) 

Escolha as estratégias que considerar mais adequadas e faça o exercício de gerar ideias para o seu desafio. Se puder contar com a participação do seu público alvo, essa experiência poderá se tornar ainda mais enriquecedora. As ideias que você gerar e refinar neste momento, serão importantes na próxima etapa do curso. Então, comece a organizá-las desde já.

 

Estratégias para ideação

Para auxiliar a fase de ideação, veja algumas técnicas que você pode utilizar (adaptadas do Design Kit da IDEO, 2015). Clique sobre as abas para navegar.

O objetivo desta técnica não é encontrar a ideia perfeita, mas gerar muitas ideias, por meio da colaboração e abertura para soluções loucas. A última coisa que você deve esperar em um brainstorm é alguém que, ao invés de colaborar com ideias, apenas fala sobre por que elas não funcionarão. Isso não só mata a criatividade, mas muda a mentalidade do grupo de um pensamento gerador para a crítica. A maneira de se obter boas ideias é ter muitas para escolher.


PASSOS

  • Adie o julgamento. Você nunca sabe de onde uma boa ideia virá. A chave é fazer com que todos sintam que podem expor suas ideias.
  • Incentive ideias loucas. Ideias loucas podem dar origem a outras ideias, gerando saltos criativos. Ao pensar em ideias doidas, tendemos a pensar sobre o que realmente queremos sem as restrições tecnológicas, materiais ou orçamentárias.
  • Desenvolva as ideias dos outros. Ser positivo e construir sobre as ideias dos outros em vez de criticá-las pode ser difícil. Uma dica é usar o "e" (agregar) em vez do "mas" (questionar).
  • Mantenha o foco no tema. Tente manter a discussão no objetivo, caso contrário você pode divergir além do alcance do que você está tentando projetar. Isso não significa tolher ideias, mas caminhar para que elas não fujam demasiadamente do tema.
  • Proponha uma conversa por vez. É mais provável que surjam novas e boas ideias se todos estiverem prestando atenção em quem está compartilhando uma ideia.
  • Seja visual. Você pode anotar ideias em bilhetes autoadesivos e colar em uma parede. Nada melhor para gerar ideias do que apresentá-las visualmente. Não importa se você não é um Rembrandt!
  • Evidencie a quantidade. Elabore tantas novas ideias quanto possível. Em uma boa sessão, são geradas até 100 ideias em 60 minutos.

Você vai conversar com muitas pessoas ao longo do seu projeto, e uma sessão de co-criação é uma ótima maneira de obter feedback sobre suas ideias. A finalidade de uma sessão de co-criação é convocar um grupo de pessoas para as quais você está projetando (que fazem parte do seu público-alvo) e, em seguida, trazê-las para o processo de design. Você não está apenas ouvindo suas vozes, você está chamando-as para fazer ao seu lado. Você pode co-criar serviços, investigar como comunidades funcionam, entender como nomear sua solução. Além de a comunidade ficar mais propensa a adotar a solução que ela ajudou a criar, você também obterá informações valiosas sobre todas as facetas da sua solução.


PASSOS

  • O primeiro passo é identificar quem você deseja na sua sessão de co-criação. Talvez seja um grupo de pessoas que você já entrevistou. Talvez seja um grupo demográfico particular como adolescentes, ou agricultores, ou desempregados.
  • Depois de saber quem você deseja, organize um espaço, obtenha os suprimentos necessários (muitas vezes canetas, Post-its, papel, talvez materiais de arte) e convide-os para se juntarem. Você também pode fazer isso online, utilizando recursos tecnológicos que facilitam este trabalho.
  • Aproveite ao máximo uma sessão de cocriação fornecendo algumas ideias iniciais, protótipos ou situações para que o grupo se envolva em torno do problema.
  • Capture o feedback do grupo. O objetivo, aqui, não é apenas ouvir as pessoas, mas convidá-las para a sua equipe de design. Certifique-se de que você está tratando os participantes da cocriação como designers (criadores de ideias), e não como sujeitos de uma entrevista.

Mash-Ups são uma espécie de exercício de pensamento, uma chance de criar questões diferentes, algumas até sem muito sentido, mas que podem acelerar o surgimentos de ideias. Se você estiver pensando em cantina mais saudável na escola, por exemplo, pode-se questionar "Como seria uma cantina inspirada em uma feira de orgânicos?" A jogada aqui é associar seu desafio com qualidades observadas em outras situações reais, similares ou não.


PASSOS

  • A primeira e mais difícil parte do Mash-Up é isolar a qualidade que você deseja adicionar à sua solução. É eficiência, velocidade, limpeza? Anote-a em um Post-it e coloque-o na parede. (Por ex: "dinamismo" e "engajamento")
  • Agora que você tem a qualidade que você está procurando, faça um brainstorming de exemplos reais de negócios, produtos, lugares e serviços que incorporem essa qualidade.  (Por ex: filmes, jogos) 
  • Misture essa marca/lugar/negócio com o seu desafio e elabore uma pergunta. ("Como seria uma aula inspirada em um jogo?")
  • A partir da sua pergunta Mash-Up, gere ideias e disponha-as visualmente na parede.

 

Aprofunde seus conhecimentos

Brainstorming, perguntas chave, cocriação e mash ups são apenas algumas das inúmeras formas de incentivar a geração de ideias. Já ouviu falar em "seis chapéus", "método 635" ou "SCAMPER"? O site disponível no link que segue é um Guia de Criatividade com 60 técnicas diferentes para geração de ideias. Vale à pena conferir! 

 Guia de Criatividade - 60 técnicas para gerar ideias

3.2.4 Prototipação

 

A etapa de prototipação ou experimentação, como também é conhecida, é um dos momentos mais significativos dentro da metodologia do design thinking. É aqui que você irá "tirar do papel" as suas ideias. Por isso, é importante pensar em fatores como viabilidade e aplicabilidade. Isso ajudará você a considerar as ideias possíveis de serem executadas e que respondam as demandas.

A experimentação dá vida às suas ideias. Construir protótipos significa tornar as ideias tangíveis, aprender enquanto as constrói e dividi-las com outras pessoas. Mesmo com protótipos iniciais e rústicos você consegue uma resposta direta e aprende como melhorar e refinar uma ideia.
–– DT para Educadores (2014)

 Você trabalhará nesta fase de Prototipação nas próximas Unidades Curriculares (UC) do curso. Apresentamos aqui os principais passos desta fase para que, ao iniciá-la, você já tenha ideias do que fazer e de como fazer.

Passos da fase Prototipação

A fase de prototipação está organizada em dois passos:

  1. Faça protótipos: protótipos ou experimentos permitem que você compartilhe sua ideia com outras pessoas e discuta como refiná-la. É possível prototipar praticamente qualquer coisa. Por exemplo, se o seu desafio envolve a utilização de tecnologias em uma empresa ou escola, neste momento, você pode escolher uma das tecnologias possíveis para experimentar e ver como funciona na prática, para analisar se é viável de ser utilizada com seu público alvo. Se o seu desafio envolve compartilhar um conhecimento através de videoaulas, neste momento você desenvolverá uma dessas aulas em vídeo para experimentar a viabilidade da ideia.

  2. Obtenha feedbacks: o feedback (opinião das pessoas) é uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento de uma ideia. Compartilhar protótipos ajuda a ver o que realmente é importante para as pessoas e quais aspectos precisam melhorar.  Se você experimentou uma tecnologia, este é o momento de saber a opinião do seu  público sobre ela. Se você gravou uma videoaula, este é o momento de compartilhar esse vídeo com seu público e obter o feedback, avaliar se as pessoas gostaram ou não, se consideram esse material útil para aprender sobre o assunto proposto.

Você já assistiu ao filme Fome de Poder, sobre a história do McDonalds? Tudo bem que, à primeira vista, essa indicação pode parecer não ter relação nenhuma com educação. Mas tem uma cena do filme na qual os idealizadores do restaurante prototipam o modelo de cozinha e o processo em uma quadra de tênis, riscando o chão com giz. O trecho representa bem a ideia de experimentação e prototipagem. Confira:

Trecho do filme Fome de Poder. Dirigido por John Lee Hancock, FilmNation Entertainment, 2016.

Deu certo!

Prof. Marco Pereira - EEL/USP. Fonte: http://www.futuraplay.org/video/sala-de-aula-invertida/400815/

A inovação em sala de aula pode começar pequena, como um protótipo em uma atividade com determinada turma, e aos poucos se expandir para cursos, para instituição e para fora dela. O importante é experimentar, testar, ousar e observar os resultados. 

Inspirados nas universidades norte-americanas, como Harvard, professores do campus da USP, em Lorena/SP, implantaram o modelo de ensino chamado “sala de aula invertida”, aplicado desde 2012. O objetivo é estimular os estudantes a não só participarem mais das aulas, mas também a se empoderarem com o próprio aprendizado. Na sala de aula invertida, o professor deixa de ser o detentor do conteúdo, "transmissor de informações", e passa a atuar como um mediador de práticas em sala de aula. Os alunos estudam o conteúdo previamente e na aula, resolvem problemas, desenvolvem projetos, trabalham juntos. 

 Saiba mais sobre este caso, clicando aqui.  Saiba mais sobre sala de aula invertida. 

Se quiser saber mais sobre a fase de prototipação, acesse o material complementar sobre design thinking, clicando aqui.

3.2.5 Testagem

 

A fase de testagem geralmente ocorre após a prototipação. Elaborado o protótipo, esta fase é o momento do teste, ou seja, de avaliar com o público alvo o que foi desenvolvido e, por isto, essa fase também é conhecida como avaliação ou evolução.

A evolução é o desenvolvimento do seu conceito no tempo. Ela envolve planejar os próximos passos, comunicar a ideia às pessoas que podem te ajudar a realizá-la e documentar o processo. A mudança muitas vezes acontece com o tempo, e é importante ter lembretes dos sinais sutis de progresso.
–– DT para Educadores (2014)

 

Passos da fase de Testagem

A fase de testagem está organizada em dois passos:

  1. Acompanhe o aprendizado: com a testagem do seu protótipo pelo público alvo, você consegue começar a medir o impacto do que você desenvolveu. Defina uma série de critérios do que é sucesso para te ajudar a guiar e avaliar o desenvolvimento do protótipo, conforme você constrói sua ideia.

  2. Avance: a implementação de uma ideia requer uma abordagem diferente da usada em sua produção. Quando sua ideia tiver se desenvolvido em um projeto sólido, é hora de planejar os próximos passos. Elabore um cronograma para implementar o protótipo/projeto, melhorar o que for necessário e avançar no desenvolvimento da ideia.

Para saber mais sobre esta fase, consulte o material complementar sobre design thinking, clicando aqui.

Aprofunde seus conhecimentos

O que pode ser considerado métrica de sucesso da sua solução? Número de alunos ingressantes no curso? Desempenho dos alunos? Agilidade no processo de matrícula? Aumento da renda familiar do egresso? Quando pensamos em métricas, é preciso considerar informações que ajudam na tomada de ação. As métricas definidas ajudam você a agir frente à situação apresentada? No vídeo disponível na sequência, você pode conferir algumas dicas para elaboração de métricas. Apesar de ser direcionada para times de desenvolvimento de software, esse conhecimento pode ser muito útil quando pensamos em avaliar a implementação da nossa ideia, inclusive no contexto educacional. Não é preciso ter muitas métricas, mas estabelecer aquelas que são essenciais para tomada de decisão e reação.

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