LIVRO 1 - TENDÊNCIAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
7. JOGOS DIDÁTICOS
Os Parâmetros curriculares salientam que além de ser um objeto sociocultural em que a Matemática está presente, o jogo é uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos; supõe um “fazer sem obrigação externa e imposta”, embora demande exigências, normas e controle.
No jogo, desenvolvemos o autoconhecimento — até onde podemos chegar — e o conhecimento dos outros — o que podemos esperar e em que circunstâncias.
Segundo os PCNs, para crianças pequenas, os jogos são as ações que elas repetem sistematicamente mas que possuem um sentido funcional (jogos de exercício), isto é, são fonte de significados e, portanto, possibilitam compreensão, geram satisfação, formam hábitos que se estruturam num sistema. Essa repetição funcional também deve estar presente na atividade escolar, pois é importante no sentido de ajudar a criança a perceber regularidades. Por meio dos jogos, as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogos simbólicos): os significados das coisas passam a ser imaginados por elas. Ao criarem essas analogias, tornam-se produtoras de linguagens, criadoras de convenções, capacitando-se para se submeterem a regras e dar explicações.
Legenda: Par ou impar?
Fonte: Humor com ciência, 2019.
Além disso, conseguem compreender e utilizar regras que serão aplicadas no processo de ensino e aprendizagem. Tal compreensão auxilia a criança a se inserir no mundo e assimilar futuramente as teorias da sala de aula.
Os PCNs salientam, que em estágio mais avançado, as crianças aprendem a lidar com situações mais complexas (jogos com regras) e passam a compreender que as regras podem ser combinações arbitrárias que os jogadores definem; percebem também que só podem jogar em função da jogada do outro (ou da jogada anterior, se o jogo for solitário). Os jogos com regras têm um aspecto importante, pois neles o fazer e o compreender constituem faces de uma mesma moeda. A participação em jogos de grupo também representa uma conquista cognitiva, emocional, moral e social para a criança e um estímulo para o desenvolvimento do seu raciocínio lógico.
Por fim, outro aspecto importante nos jogos é o desafio que eles provocam nos alunos, gerando interesse e prazer. Assim, é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver.